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28 fevereiro 2010

Caridade

Dar de si mesmo...



Laurinha, embora contasse apenas com oito anos de idade, tinha um coração generoso e muito desejoso de ajudar as pessoas.

Certo dia, na aula de Evangelização Infantil que freqüentava, ouvira a professora, explicando a mensagem de Jesus, falar da importância de se fazer caridade, e Laurinha pôs-se a pensar no que ela, ainda tão pequena, poderia fazer de bom para alguém.

Pensou...pensou... e resolveu:

- Já sei! Vou dar dinheiro a algum necessitado.

Satisfeita com sua decisão, procurou entre as coisas de sua mãe e achou uma linda moeda.

Vendo Laurinha com dinheiro na mão e encaminhando-se para a porta da rua, a mãe quis saber onde ela ia.

Contente por estar tentando fazer uma boa ação, a menina respondeu:

- Vou dar esse dinheiro a um mendigo!

A mãezinha, contudo, considerou:

- Minha filha, esta moeda é minha e você não pode dá-la a ninguém porque não lhe pertence.

Sem graça, a garota devolveu a moeda à mãe e foi para a sala, pensando...

- Bem, se não posso dar dinheiro, o que poderei dar?

Meditando, olhou distraída para a estante de livros e uma idéia surgiu:

- Já sei! A professora sempre diz que o livro é um tesouro e que traz muitos benefícios para quem o lê.

Eufórica por ter decidido, apanhou na estante um livro que lhe pareceu interessante, e já ia saindo na sala quando o pai, que lia o jornal acomodado na poltrona preferida, a interrogou:

- O que você vai fazer com esse livro, minha filha?

Laurinha estufou o peito e informou:

- Vou dá-lo a alguém!

Com serenidade, o pai tomou o livro da filha, afirmando:

- Este livro não é seu Laurinha. É meu, e você não pode dá-lo a ninguém.

Tremendamente desapontada, Laurinha resolveu dar uma volta. Estava triste, suas tentativas para fazer a caridade não tinham tido bom êxito e, caminhando pela rua, continha as lágrimas que teimavam em cair.

- Não é justo! – resmungava. – Quero fazer o bem e meus pais não deixam.

Nisso, ela viu uma coleguinha da escola sentada num banco da pracinha. A menina parecia tão triste e desanimada que Laurinha esqueceu o problema que a afligia.

Aproximando-se, perguntou gentil:

- O que você tem Raquel?

A outra, levantando a cabeça e vendo Laurinha a seu lado, desabafou:

- Estou chateada, Laurinha, porque minhas notas estão péssimas. Não consigo aprender a fazer contas de dividir, não sei tabuada e tenho ido muito mal nas provas de matemática. Desse jeito, vou acabar perdendo o ano. Já não bastam as dificuldades que temos em casa, agora meus pais vão ficar preocupados comigo também.

Laurinha respirou, aliviada:

- Ah! Bom, se for por isso, não precisa ficar triste. Quanto aos outros problemas, não sei. Mas, em relação à matemática, felizmente, não tenho dificuldades e posso ajudá-la. Vamos até sua casa e tentarei ensinar a você o que sei.

Mais animada, Raquel conduziu Laurinha até a sua casa, situada num bairro distante e pobre. Ficaram a tarde toda estudando.

Quando terminaram, satisfeita, Raquel não sabia como agradecer à amiga.

- Laurinha, aprendi direitinho o que você ensinou. Não imagina como foi bom tê-la encontrado naquela hora e o bem que você me fez hoje. Confesso que não tinha grande simpatia por você. Achava-a orgulhosa, metida, e vejo que não é nada disso. É muito legal e uma grande amiga. Valeu.

Sentindo grande sensação de bem-estar, Laurinha compreendeu a alegria de fazer o bem. Quando menos esperava, sem dar nada material, percebia que realmente ajudara alguém.

Despediram-se, prometendo-se mutuamente continuarem a estudar juntas.

Retornando para a casa, Laurinha contou à mãe o que fizera, comentando:

- A casa de Raquel é muito pobre, mamãe, acho que estão necessitando de ajuda. Gostaria de poder fazer alguma coisa por ela. Posso dar-lhe algumas roupas que não me servem mais? – Perguntou, algo temerosa, lembrando-se das “broncas” que levara algumas horas antes.

A senhora abraçou a filha, satisfeita:

- Estou muito orgulhosa de você, Laurinha, Agiu verdadeiramente como cristã, ensinando o que sabia. Quanto às roupas, são “suas” e poderá fazer com elas o que achar melhor.

Laurinha arregalou os olhos, sorrindo feliz e, afinal, compreendendo o sentido da caridade.

- É verdade mamãe. São minhas! Amanhã mesmo levarei para Raquel. E também alguns sapatos, um par de tênis e uns livros de histórias que já li.










Tema: Caridade

Livro: O Menino Ambicioso

O Servo Insatisfeito

E Outras Histórias

CÉLIA XAVIER CAMARGO