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29 outubro 2010

A amizade e o tempo



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Alvinho e Neto sempre foram amigos, não apesar das diferenças, mas por causa delas. Que graça tem ter um amigo que pensa e age igual a você? Assim, Neto era tagarela, adorava dançar, sorrir, mexer com todos. Já Alvinho passava horas em silêncio, gostava de ler histórias tristes, de pôr-do-sol, de ouvir música...

Para os da comunidade, eles já nasceram amigos. Se um enxergava o mundo na cor azul, o outro o via na cor vermelha. E tudo o que faziam só estava completo se o outro participasse.

Nos trabalhos escolares, Neto fazia os rascunhos e Alvinho organizava as idéias. Se Neto desenhava, era Alvinho quem pintava.

Alvinho e Neto tinham outros amigos. Faziam questão de ter muitos coleguinhas. Mas que um era o preferido do outro, ninguém duvidava.

E durante muito tempo foi assim. Se Neto queria manga, Alvinho subia e pegava. Neto sempre foi preguiçoso para subir em árvores. Mas se Alvinho pescava, Neto escamava...

Como todas as crianças, também discordavam. Mas as desavenças acabavam quando alguém tomava o partido do outro. Aí faziam as pazes, porque nenhum dos dois queria ver o outro em apuros.

Até que um dia, Neto teve uma forte gripe e o médico aconselhou aos pais que mudassem de Estado, e fossem morar num lugar mais quente.

E Neto foi embora, deixando para trás o grande amigo.

Durante muito tempo, escreveram um para o outro. Mas cresceram e perderam o contato, porque os pais de Alvinho foram morar em outro país.

Anos mais tarde, Alvinho recebeu um e-mail que dizia assim: ´Ter um sítio cheio de mangueiras e não conhecer ninguém que queira subir nelas para colher manga não tem graça nenhuma. Ter um sítio com riacho cheinho de peixes dá uma preguiça de pescar... Aqui falta um amigo´

Alvinho não teve dúvidas! Era Neto, o amigo de infância. O e-mail não estava assinado, mas tinha o endereço do tal sítio.

Amigos verdadeiros jamais se perdem.

E no dia em que se reencontraram, Neto deu uma grande festa! Convidou tocadores, inventou brincadeiras, chamou os vizinhos, fez muita comida...

Alvinho ficou bastante emocionado. Tinha se tornado um grande artista. Desenhava e pintava como mestre, mas ainda resmungava como criança:

- Tanta gente! Que barulho! Não precisava de nada disso, Neto! A gente podia ter ido pescar e tava bom!

Neto deu uma grande gargalhada. E pela vida afora seguiram amigos, porque amizades verdadeiras duram a vida inteira!

Rejane Nascimento
Revisora da Ed. Premius
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